Texto por Colaborador: 13/04/2017 -

Após a derrota de quarta-feira por 3-2 do Borussia Dortmund contra o Mónaco, o treinador da equipe alemã, Thomas Tuchel, criticou a UEFA devido ao adiamento de apenas um dia da partida, depois do ônibus da equipa ter sido alvo de um atentado terrorista. “Depois de um ataque, teríamos gostado de ter mais tempo para digerir o que aconteceu. E não nos deram tempo. Disseram-nos: amanhã têm de jogar”.

Thomas Tuchel foi ainda mais longe ao sugerir que o mesmo organismo agiu com indiferença quanto ao ataque. “Ninguém nos perguntou a nossa opinião, decidiram isto na UEFA, na [sede na] Suíça. Minutos depois do ataque, disseram-nos que tínhamos de jogar, como se tivessem atirado uma caneca de cerveja contra o ônibus ”.

Agora, a UEFA responde às críticas. Segundo o organismo que gere o futebol europeu, a decisão de adiar o encontro foi tomada em conjuntos com os dois clubes e as autoridades locais. “A decisão de jogar o encontro às 18h45 [17h45 em Portugal continental] foi tomada no estádio do Borussia Dortmund em cooperação e acordo total dos clubes e autoridades”, afirmou o director de comunicação da UEFA, o português Pedro Pinto, à Associated Press.

De acordo com o responsável, a UEFA esteve em contacto com todas as partes e “nunca recebeu qualquer informação que sugerisse que alguma das equipas não quisesse jogar”, cita a agência Lusa. O jogo estava inicialmente agendado para terça-feira às 19h45.

Poucas horas antes do início da partida, os jogadores do Borussia Dortmund receberam novas informações sobre o ataque que abalaram ainda mais os atletas. Segundo o jornalista alemão Freddie Rockenhaus, a equipa alemã soube que foram encontrados estilhaços de metal nos encostos de cabeça dos bancos do ônibus, provenientes de uma das bombas.

“Marcel Schmelzer, o capitão da equipa, disse-me que esse foi o ponto mais baixo na disposição de todos os jogadores. ‘Isso foi o pior porque só então nos apercebemos mesmo do quão perto estávamos de um completo desastre e de provavelmente perdermos as nossas vidas’, contou-me o Marcel. Isto foi durante a tarde, entre as 14h e as 14h15 [menos uma hora em Portugal continental], apenas algumas horas antes do jogo.”, revelou Freddie Rockenhaus à Rádio BBC.

“Como um jogador de futebol profissional, isto não é aquilo a que os jogadores estão normalmente habituados durante o tempo de preparação para uma partida.” Em entrevista à televisão nórdica Viasat, Nuri Sahin, médio da equipe alemã que jogou na segunda parte do encontro contra o Mónaco, descreveu as últimas 24 horas da equipa. Visivelmente abalado, o jogador turco disse que “é difícil encontrar as palavras certas” para falar sobre os momentos vividos dentro do autocarro.

“Aquilo que muitas vezes vemos na televisão costuma estar longe de nós. Mesmo em Istambul, no meu país. É perto, mas ao mesmo tempo muito longe; até ontem. Nós sentimos como é estar numa situação dessas e não desejo a ninguém este sentimento”, contou Sahin. Relativamente à disposição dos jogadores para a partida, o jogador turco admitiu que ele próprio só começou a pensar em futebol quando entrou em campo, já depois do intervalo.

“Não sei se as pessoas conseguem perceber isto, mas até entrar em campo na segunda parte não pensei em futebol, sinceramente. Ontem [terça-feira] à noite, quando fui para casa, a minha mulher e o meu filho estavam à minha espera na porta. Foi então que me apercebi da nossa sorte”, desabafou.

“Eu sei que o futebol é muito importante, nós amamos o futebol e sofremos com o futebol. Sei também que ganhamos muito dinheiro e que temos uma vida privilegiada, mas somos seres humanos e há muito mais para além do futebol no mundo. Ontem à noite sentimos isso.”

Fonte: publico.pt

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