Em entrevista ao portao do ge.com, o brasileiro Reinier revelou a sua frustração no período que esteve emprestado ao BVB. Em cinco jogos no primeiro mês pelo Girona, Reinier fez um gol. É a mesma quantidade que marcou em dois anos no time auri-negro. O jogador admitiu o alívio por ter deixado o time alemão. Confira os principais trechos.
DECLARAÇÕES:
O que deu certo e o que deu errado no BVB? "Pela experiência de vida, sou outra pessoa. Dois anos na Alemanha... sou outra pessoa, outra cabeça. Experiência com grandes jogadores, que hoje são meus amigos. Eles me ajudaram bastante desde que cheguei lá. Não falava inglês, não falava alemão, que é bastante difícil. Eles me ajudaram, Haaland, Emre Can, Jude (Bellingham), e isso foi uma experiência muito boa. A má é que eu não pude desenvolver meu futebol. Treinava bem, as pessoas, não vou citar nomes, mas as pessoas no treino falavam: ‘Você está treinando muito bem, parabéns, continue assim’, e não botavam para jogar. Eu não entendia. Treinava bem e não me botavam para jogar? É uma escolha deles, respeitei todo mundo, a instituição, os jogadores que estavam jogando, mas é uma pena. A cidade é muito fria, mas uma cidade boa. Torcida incrível, aquela Muralha."
“Passaram dois anos que, para mim, foram perdidos e não vão voltar. Agora tenho que recomeçar dando a vida aqui no Girona”.
Você procurou alguém e falou sobre sua insatisfação? "Cheguei a falar com o treinador, discutimos no inglês coisas de treinamento, de jogo que eu precisava melhorar, e ninguém explicava nada. Eu fazia minha parte, treinava, ia para casa e estava lá todo dia. Sempre cheguei no horário certo. Fazia de tudo. Respeitava todas as pessoas que trabalhavam no clube. Estou com a consciência tranquila. É passado. Não tem muito o falar sobre. Torço muito para o Borussia e para meus amigos que estão lá tenham uma temporada maravilhosa, e segue a vida. Estou no Girona, estou feliz, estou bem."
Como foi sua convivência com o Haaland? "Tenho certeza que ele vai ser artilheiro de tudo nesta temporada. Dentro de campo, não tem o que falar. Ele é obcecado pelo gol, obcecado pela vitória. Ele quer a vitória e nada tira da cabeça dele isso. Ele fica puto na hora que o time perde, e isso é normal, tem que ficar. Ele quer sempre o melhor da equipe. Se tiver uma bola para ele fazer o gol, ou para tocar para alguém fazer o gol, ele vai tocar, ele vai fazer o gol. Ele me ensinou muito. Ele tem essa jogada que ele sai lá de trás. Ele faz todo o jogo. Ele sai lá de trás no contra-ataque. É incrível. Tenho certeza que ele vai triunfar nesta temporada e nas outras também. Também tem uma coisa que me surpreendeu bastante é o caráter, a pessoa dele. Ele é muito humilde."
Como você ficava com as críticas por não ter jogado lá? "Só foi massacre. Era só porrada... Foi um período muito difícil. Mas todo mundo sabe, todo jogador sabe que essas pessoas que falam “Ah, Reinier não está jogando nada” são haters, que não sabem o que a gente passa. Não sabem o que é essa vida, acham que é só coisa boa, que é só luxo. Claro que não, a gente passa por muita coisa. Claro, cada um tem seu estilo de vida, mas a gente passa por muita coisa, e não é só coisa boa. Nesses dois anos, na minha profissão, eu não tive coisa boa. Passei por muita coisa difícil com 18, 19 anos. Sentir isso, minha família me ver triste. Eu saía dos jogos muito abalado, não conseguia dormir. Sempre joguei no Flamengo e, de repente, não jogar e sentir que você pode estar ajudando seu time... você sente que a coisa não está boa para você."
"Tinha tudo, mas não estava jogando. Então só queria ter minha família por perto, era a única coisa que me fazia me feliz. E era isso, jogar que é bom nada. E as pessoas falando que não estava jogando porque sou ruim, porque sou tal. Sei do meu valor. Jogadores sabem como posso ajudar também. É uma pena... os brasileiros parecem que querem ver o jogador só se ferrar, se dar mal. Isso aí para mim não cabe. Isso para mim é lamentável. Em vez de jogar para cima, só querem detonar. Não sabem o que a gente passa. Mas a vida é assim, quando está no alto, muita palminha, quando está no baixo é só porrada. Passei dois anos no baixo, e agora de peito aberto trabalhando todo dia. Com minha família do lado. Vamos para cima com muita humildade. E baila Vini!"
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