O Borussia Dortmund há anos se destaca como referência no desenvolvimento de jovens talentos. No entanto, a temporada 2024/25 tem sido frustrante para cinco joias do clube, que praticamente não foram aproveitadas no time principal.
Antes do início da atual campanha, o então técnico Nuri Şahin e a diretoria optaram por um elenco profissional reduzido, com apenas 22 jogadores de linha, justamente para abrir espaço e dar mais oportunidades aos atletas das categorias de base. Almugera Kabar, campeão europeu e mundial sub-17 com a seleção alemã, foi integrado como o segundo lateral-esquerdo. Filippo Mané, defensor italiano promissor, foi planejado como o quarto zagueiro. Já Cole Campbell (Estados Unidos), Kjell Wätjen (meio-campo) e Julien Duranville (contratado por 8,5 milhões de euros junto ao Anderlecht) completavam a lista de jovens com perspectiva de minutos.
A expectativa era que a política adotada no verão europeu favorecesse a integração das promessas ao grupo profissional. O próprio Şahin estreou pelo Dortmund aos 16 anos, em 2005, e o atual diretor esportivo Lars Ricken também surgiu jovem no clube nos anos 90. Porém, o cenário idealizado não se concretizou.
Durante a pré-temporada, Şahin já havia feito um alerta: “Por mais que eu gostaria de usar jogadores jovens, eles têm que passar pela porta sozinhos. O Borussia Dortmund não é um clube onde você pode receber algo, isso é impossível.”
Sob o comando de Şahin, o quinteto somou apenas 665 minutos em campo de um total possível de 2.460. Desses, Duranville ficou com mais da metade — cerca de 57% — dos minutos jogados pelos cinco talentos.
Com a chegada de Niko Kovač no fim de janeiro, o aproveitamento caiu ainda mais. Em 11 partidas sob a nova gestão, Kabar, Mané, Campbell e Wätjen sequer entraram em campo. Duranville atuou por apenas 76 minutos, sempre vindo do banco, e não teve papel de destaque.
A pouca utilização não se deve apenas a escolhas técnicas. Há também obstáculos individuais. Mané enfrenta dificuldades de adaptação física ao futebol profissional e sofreu com recorrentes lesões musculares. Kabar, por sua vez, demonstrou imaturidade em suas raras participações, como quando recebeu um cartão vermelho direto logo após ser substituído em uma partida contra o Augsburg. Wätjen também lidou com problemas físicos e tem forte concorrência no meio-campo. Tanto ele quanto Campbell passaram a ganhar ritmo de jogo com o time B, na terceira divisão.
No mercado de inverno, o clube ainda mudou sua estratégia: reforçou o elenco principal com Daniel Svensson, Carney Chukwuemeka e o retorno de Salih Özcan, por empréstimo. Apenas Donyell Malen deixou o clube.
A situação atual é compreensível do ponto de vista do técnico Kovač, que tenta resgatar uma temporada abaixo do esperado na Bundesliga, ao mesmo tempo em que levou o time às quartas de final da Liga dos Campeões contra o Barcelona. Em um contexto de pressão, dar espaço a jovens promessas naturalmente deixou de ser prioridade.
Ainda assim, o cenário é decepcionante. Os cinco talentos amplamente elogiados vivem uma temporada que pode ser considerada perdida, o que contraria a própria filosofia do Borussia Dortmund.
Thomas Broich, diretor esportivo da base desde o último verão, reforçou recentemente o desejo de mudança:
“Acho que é realista que metade do elenco aqui possa vir do nosso meio”, declarou em podcast oficial do clube, destacando que a ideia é ter uma “grande permeabilidade” entre a base e o time principal.
No entanto, a atual temporada mostra que, na prática, o caminho para os jovens talentos do BVB continua cheio de obstáculos.
(Via fussball.news)