Serhou Guirassy vive um dos momentos mais marcantes de sua carreira no Borussia Dortmund. Em entrevista, o atacante guineense de 29 anos falou sobre sua temporada no clube alemão, o prazer de marcar gols, a ligação com a seleção da Guiné e a expectativa pela disputa do inédito Mundial de Clubes em junho.
“Estou muito feliz por estar em um clube tão grande como o Borussia Dortmund. Minha temporada está boa, sou um dos artilheiros da Bundesliga e também da Liga dos Campeões. Mas sempre dá para melhorar”, disse Guirassy, que marcou quatro gols pela primeira vez em um jogo da Bundesliga na vitória por 6 a 1 sobre o Union Berlin, incluindo um hat-trick em oito minutos.
O atacante destacou a boa fase também na Champions League: “Está muito boa. Mas para mim isso não é surpresa. Sei que posso ser um grande goleador. Este ano estou provando isso em uma grande competição. Tenho que continuar e me tornar ainda mais eficiente”.
Ao falar sobre o prazer de balançar as redes, Guirassy foi direto: “Não sei nem como dizer. Mas eu amo marcar gols, como todos os atacantes. É uma sensação muito intensa”. E sobre fazer isso em frente à famosa Muralha Amarela, completou: “É algo muito especial. Não sei se já marquei ali como adversário, mas agora com a camisa amarela é realmente especial”.
Questionado sobre o quanto odeia perder, ele foi enfático: “Tenho uma mentalidade vencedora – quero sempre vencer. Cresci com isso. Claro que nem sempre é possível, mas a gente precisa trabalhar por cada chance. E quando não vencemos, fico muito infeliz – o time também, e eu ainda mais, por causa da minha mentalidade”.
Guirassy também comentou sobre os grandes atacantes com passagem por Dortmund: “Tenho a impressão de que o Dortmund sempre teve goleadores. Claro que observei esses jogadores, mesmo quando não estava aqui. O Dortmund é um clube que todo mundo conhece. Quando você assiste à Bundesliga, lembra automaticamente desses jogadores”.
Ele admitiu que não imaginava um dia vestir a camisa aurinegra: “Não, não tinha pensado em vestir a camisa do Dortmund. Isso sempre depende do plano de carreira. Eu também poderia ter ido para a Espanha ou para a Inglaterra”.
Hoje, com 13 gols e 7 assistências na Liga dos Campeões, Guirassy é o maior pontuador africano em uma única edição da competição. “Isso me enche de orgulho, pois houve muitos grandes jogadores africanos como Didier Drogba. Sempre trabalhei para estar entre os melhores. E continuo trabalhando para isso. É bom ser o artilheiro da Champions League. Há jogadores muito bons. Ser o primeiro significa que sou um bom atacante. Mas sozinho, sem o time, não conseguiria. É uma pena que o torneio tenha terminado para nós contra o Barcelona”.
Pensando no futuro próximo, Guirassy se mostra empolgado com o Mundial de Clubes: “É a primeira vez. Muito empolgante. Uma competição nova. Mais um título que se pode conquistar. Com grandes times. Vai ser a primeira vez para todos, algo muito especial. A Copa do Mundo de Clubes é algo único. Temos a chance de ser os primeiros a viver isso”.
Sobre os objetivos do Dortmund no torneio, afirmou: “Mesmo que seja difícil, porque há muitos times fortes: todo clube que participa quer ganhar! E, claro, nós também temos esse objetivo”.
A pausa em junho para a disputa do torneio será uma oportunidade para descanso, já que a seleção da Guiné não terá compromissos no período: “Vimos de uma temporada longa com muitos jogos: Bundesliga, Champions League, seleção... Também é preciso pensar na saúde dos jogadores. Com tantos jogos, o risco de lesão é maior. Mas é assim mesmo”.
Nascido em Arles, na França, Guirassy representou seleções de base francesas até 2015, mas optou por defender a Guiné, país de origem de seus pais. “Guiné me procurou cedo, mas recusei no começo, porque não me sentia pronto. Mas como já disse muitas vezes: foi uma das melhores decisões da minha carreira”.
Ele descreve o que significa jogar pela seleção: “É um orgulho enorme. A primeira vez no país como jogador da seleção foi uma recepção inacreditável. Nunca vou esquecer. É algo muito especial vestir as cores do seu país”.
Relembrando sua infância, Guirassy contou que não se encantou pelo futebol logo de cara: “Sim, é verdade. Fiz só um treino e não gostei. Fiquei muito tempo sem jogar, só voltei depois”.
O que mudou foi a experiência com os amigos: “Joguei com amigos na rua. Isso é o mais bonito quando se é criança: sem pressão, só diversão. E foi assim que redescobri a alegria do jogo. Quando comecei de verdade, meu objetivo ficou claro: ser profissional”.
Com uma família numerosa – três irmãos, quatro irmãs e três filhos –, Guirassy valoriza os momentos com os seus: “Sim, com certeza. Temos muitos momentos juntos, e isso é muito bonito. Para mim, a família está sempre em primeiro lugar”.
Sobre as festas familiares, contou: “Sempre tem muita gente: irmãos, sobrinhos – todos vêm. Grande celebração com muita comida”.
E quem cozinha? “Depende. Muitos sabem cozinhar bem. E tem de tudo: comida africana, europeia – sabemos fazer tudo”.
Muçulmano praticante, Guirassy também comentou sobre o Ramadã: “Para mim, não é difícil. Talvez para outros jogadores, mas eu estou acostumado. Para mim, é mais uma força do que uma fraqueza”.
Por fim, reforçou a importância da disciplina no grupo: “Como eu disse, nós, jogadores, somos os protagonistas. A maior força é quando todos estão 100% comprometidos em atingir os objetivos”.