Texto por Colaborador: 18/10/2017 -

Blog da Carla - Um mito. Uma lenda. Amado e odiado. Entre polêmicas ou nos braços da torcida. A carreira de Marco Reus tem sido assim, essa dualidade eterna entre o sucesso e a raça de quem representa as cores da paixão por um time, versus uma carreira marcada por momentos de baixa e por seus envolvimentos em polêmicas dentro e fora das quatro linhas. Porém, nada é mais marcante em sua biografia do que suas intermináveis lesões.

Desde as categorias de base do Dortmund, passando por Rot Weiss Ahlen, Borussia Mönchengladbach até seu retorno para casa, como todo bom filho, e sua ascensão como grande ídolo de Dormtund, Marco Reus foi sinônimo não só de gols, excelentes partidas, mas também daquele talento natural que parece nascer nas veias de um bom craque. Todos os ingredientes perfeitos para consagrar o nome de um homem e marcá-lo na história do futebol. E Reus foi além, mantendo-se fiel escudeiro da equipe auri- negra ele fincou seu nome profundamente no coração dos torcedores e na história do clube. Sem dúvida, Marco foi o nome de uma era.

E os números comprovam isso. Desde sua estréia profissional pelo Rot Weiss Ahlen na temporada 2008/2009 são nove anos de carreira. O início foi tímido com 28 jogos e apenas 4 gols em uma temporada, mas o melhor estava por vir. Pelo Mönchengladbach foram 109 jogos, 42 gols. Já pelo Dortmund são cinco temporadas (sendo a atual a sexta) com 189 jogos, 89 gols. Sua melhor temporada foi 2011/2012 com 56,45% de aproveitamento e em segundo lugar a temporada passada com 54,16%. E não é somente a matemática que comprova seu sucesso. Nesses anos também tiveram belíssimos gols, assistências, sua conhecida garra e paixão em campo para inspirar o Dortmund a ser campeão, atributos que o levaram a usar a braçadeira de capitão da equipe. E, embora só tenha ganho a DFB-Pokal (Copa da Alemanha) e a Supercopa, ambas na temporada passada, a escassez de títulos com certeza não apaga ou diminui a estrela de Reus.

Mas, apesar de seu inegavel talento, sempre fica aquela pergunta no ar: e se ele tivesse jogado mais? Como seriam suas marcas se ele tivesse participado de todas as temporadas completas e com o auge de sua forma? O camisa 11 de Dortmund desde o início de sua carreira sempre foi cotado para ser um atleta de calíbre mundial, um dos melhores do mundo em sua posição. Sempre cercado de expectativas de seus fãs auri-negros, mas muito mais que isso, expectativas também dos torcedores alemães já que o atleta também tinha tudo para ser um dos grandes nomes da seleção de seu país. Porém, ao invés de sacramentar seu nome como um grande artilheiro, o jogador de 28 anos viu sua carreira se resumir a uma palavra: lesões. Ao longo de sua “vida futebolística” foram nada mais, nada menos, que 35 lesões.

Desde as mais leves até as mais graves como a que o retirou da última copa do mundo. E esse número ainda não engloba esta última temporada com seu atual afastamento. Ao todo é uma média de 4,8 lesões por temporada, segundo informações do site Transfermarkt. Ainda, segundo amesma fonte, Reus poderá passar quase 280 dias afastado, o que seria o maior número de dias longe dos gramados. Isso se no final ele acabar não passando mais tempo ainda em recuparação. Desde a copa, Marco já ficou mais de 450 dias afastado para cuidados médicos e recuperações. São números muitos altos e que preocupam, não apenas por ocorrer uma grave quebra em seu rendimento, desgaste físico e psicológico, mas por se somarem atualmente ao fator idade. Mesmo jovem, para um atleta 28 anos já começam a pesar e iniciar uma fase complicada. Sua “era de ouro” já está passando e a tendência é que Marco daqui para frente sofra não só para voltar a sua forma como também para se manter entre os grandes nomes de sua posição, já que rapidez, agilidade, entre outras características, são fundamentais. Além, claro, de Reus enfrentar a concorrência de craques mais novos e fisicamente mais bem preparados tanto em equipes rivais quanto em sua própria casa. Se jovem ele já sofreu, daqui para frente com cirurgias e fisioterapias em seu histórico seu quadro só fica pior. Ele terá que se esforçar muito para justificar sua posição de ídolo do clube.

E todos esses fatores levam a questão principal, com seu nome marcado pelos dramas de sua carreira como fica a confiança do torcedor, do time, do próprio atleta? O nome de Marco Reus ultimamente só inspira e evoca seus problemas, seja por parte da imprensa, de reportagens sensacionalistas, pelas críticas de profissionais do esporte, e até dos próprios torcedores. E ainda há o fato que com tanto tempo fora o time obrigatoriamente passa a encontrar caminhos para se livrar da dependência de um só nome e disponta novas opções que obviamente irão causar mais concorrência e pressão para Reus. Isso sem contar o próprio fã auri-negro que com suas memórias saudosistas acabam evocando um Marco do passado, jogadas e números que foram sim muito importantes e excelentes, mas que ficaram no passado, hoje a realidade é nova e futebol é feito no aqui e agora.

Sim meus amigos, a avaliação é dura, o saldo final amargo, uma ferida ainda não cicatrizada. Mas quem disse que esse é um final dramático? Outros jogadores de calibre mundial já deram a volta por cima e em muitos casos com lesões mais graves. A questão não é a matemática dos dias parados, nem as comparações de seu passado de glórias, mas sim do que Marco Reus fará de seu futuro. “Daria todo meu dinheiro para estar livre de lesões” disse o próprio em entrevista, só que a resposta não é fugir da realidade, mas sim transformá-la a seu favor. Tem muito trabalho pela frente, desafios, números para serem superados. Porém, se Marco corresponde mesmo ao mito que se pensava ser quanto despontou como profissional ele saberá sim driblar mais esse obstáculo e marcar um gol de placa. O que tanto Marco como seus companheiros, fãs, “haters”, imprensa e quem mais seja precisam lembrar é que Marco Reus é muito mais do que lesão, o significado de seu nome vai além disso, vai até o guerreiro pronto para vencer mais uma batalha.

Por Carla Taissa / Contato: Twitter @cahtaissa

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