Texto por Colaborador: 02/09/2017 -

Blog da Carla - O craque: aquele artista capaz de levar a loucura uma torcida inteira. O bom jogador: aquele que faz o dever de casa, mas passa despercebido, seu brilho quase apagado perante a torcida e a imprensa. A diferença entre os dois? O simples e puro carisma, aquele talento que sabe o local e o exato momento onde se mostrar. Nesse contexto Marc Bartra Aregall tinha tudo para ser só mais um desembarcando em um novo clube depois do tradicional "troca-troca" da janela de transferências. Porém ele mostrou que um bom jogador com a inteligência e o timing certo podem fazer nascer um novo craque.

Bartra chegou por baixo na temporada passada, no meio das críticas e a sombra da saída do grande comandante da defesa aurinegra: Mats Hummels. O antigo capitão e amante da torcida, deixou o Westfalenstadion para defender a bandeira de um dos grandes rivais. Traidor ou não, Hummels continua sendo e por muitos anos será um dos melhores zagueiros alemães em atividade. Era uma perda histórica, um capítulo dramático da eterna disputa entre Borussia Dortmund e Bayern München pelos talentos da Bundesliga.

Mas no meio dessa história o espanhol de 26 anos mostrou que sabe muito bem o que faz. Ele é dono de bons números pelo antigo clube, Barcelona, onde ganhou títulos e o tão desejado lugar na zaga da seleção espanhola. Porém vivia sempre em segundo plano na catalunha, numa zaga dominada e chefiada por Gerard Piqué. Bartra sabia que lá seria sempre o bom jogador, mas nunca o destaque. Por isso resolveu apostar. Desembarcou em solo alemão e provou que além da fúria e da energia tão tradicionais dos espanhóis, eles também são donos de outro ingrediente fundamental no futebol: a inteligência.

Sim meus amigos, Marc Bartra não se importou com as pesadas críticas que recebeu, escutou com paciência as reclamações e comparações da torcida traída e ferida. E o espanhol foi além! Ele soube esperar e não só conquistou seu espaço como "curou" as feridas abertas. Dono de números como sempre bons, mas que ainda podem e devem melhorar, o jogador soube como sair do bom, da compra bem feita e paga para o destaque mediano, para aquele amante esperto e deveras malandro que sabe como fisgar pouco a pouco o coração da mulher traída. Em seus jogos Marc Bartra não se destaca em números, mas em sua garra e na sua postura sempre competitiva que pode ter sim a confiança dos auri-negros. E o espanhol ousou. Transformou as opiniões demonstrando um sincero carinho e respeito pela muralha amarela.

Mas você leitor se lembra do jogador bom e do craque? Pois é! Eis aqui uma lição de um candidato a craque: saiba aproveitar as oportunidades, transforme obstáculos em chances de vencer. Marc, sempre malandro, ainda tinha uma carta na manga: sua sorte. O jogador protagonizou um acidente que poderia ter marcado a temporada passada como uma grande tragédia banhada de sangue. O que graças ao sempre bom Deus (que deve ser mesmo muito fã de futebol) não aconteceu. O único ferido foi justamente o espanhol. E a partir dali foi de vilão a queridinho (quem sabe um dia, herói?). Escutou uma das maiores médias de público da Bundesliga ovacionar seu nome. Depois de tudo isso? Provou com jogos dessa vez melhores que sua recuperação não foi só sorte, foi talento nato de quem nasceu para se sagrar craque.

Como uma fênix, com toda sua fúria e destemor, Marc Bartra renasceu das cinzas e mostrou que a zaga aurinegra ainda deverá ganhar muitos elogios, pois é sim uma grande marca da equipe e deve ser sim valorizada. E nessa temporada o renascer das cinzas continua e até gol o espanhol já deu de presente para a muralha amarela gritar mais uma vez.

A pergunta que fica? A que todos querem saber e só o tempo dirá. Será Bartra capaz realmente de virar mais um mito aurinegro? Ou será sempre o "bom e velho jogador mediano"? Isso apenas as partidas dessa nova temporada a ser escrita nos responderão. O que fica claro, porém, é a classe com que esse espanhol tira sempre cartas na manga para fisgar o coração aurinegro. Vamos esperar para ver, o renascer a fênix da defesa auri-negra e com ele saber se a equipe também renascerá para os títulos tão ansiados. E que as surpresas sejam deixadas apenas para os truques de Marc Bartra e seu caso de amor e ódio com a torcida aurinegra. Correm boatos que essas são as melhores e mais emocionantes histórias de amor.

Por Carla Taissa